sexta-feira, 24 de julho de 2009

... vem o sol

Os dias cinzas foram embora, dias tristes com cara de doente, nada tinha o brilho habitual, apenas cinza. Nasce uma sexta-feira com um sol para aquecer e secar o dia. Tudo aqui é festa os passarinhos estão na maior algazarra com seus cantos celebrando o dia-sol.
[... É de manhã, vem o sol e os pingos da chuva ainda estão a brilhar...]
Junto com esse dia nasce um animo novo, que escorre pelas mãos cheias de vontade. Vontade de viver a alegria do dia-sol. O frio continua intenso, mas não há a vontade de ficar entocado, há sim uma vontade louca de viver, fazer, de ir atrás dos sonhos. Sexta-sol.
Levantei cedo, tenho esse hábito, preparei um café e fui ver a vida lá fora, encher as garrafinhas dos beija-flores, dar comidas aos pássaros, tenho vários, todos chegam aqui, comem me emprestam os seus encantos e cantos, [um verdadeiro bom dia], depois seguem com suas vidas, voltando ao final do dia, completando a rotina diária.
Abri meu studio [...deixa o sol entrar...], rabisquei algumas coisas, algumas delas ganharão vida outras continuarão rabisco, rotina do studio-artista.
Com o dia já programado, é só por em prática, e fazer valer esse dia em que o sol apareceu redondo e amarelo para aquecer nosso corpo e nos encher de esperança.
É isso...
mk
[...]
Com a chuva e o frio de ontem, nada melhor que ficar em casa na companhia de seus cobertores e livros. Dia bom para retomar as leituras, o que fiz.
Terminei a leitura do livro Ana-Não, indico, trata-se de uma história amarga e triste.
Relata a coragem de uma mulher-mãe, com seus setenta e poucos anos de vida , que aventura-se a seguir caminhando para o norte da Espanha, para fazer a derradeira visita ao seu filho, condenado a prisão perpétua. Mãe-Mulher-Coragem, que perdeu seu marido e dois filhos para a guerra, o terceiro filho, o menino, prisioneiro de guerra, prisioneiro pérpetuo.
Mulher com mais ou menos um metro e cinquenta com seus setenta e poucos anos de vida, frágil? Nada! Uma leoa, força e coragem.
O livro é um verdadeiro soco no estômago. Eu adorei.
mk


As mil chuvas de outono, que morrem tão logo nascem, entristecem as duas primeiras semanas de novembro. Tudo é cinzento, cascalheira e carvalhos, aldeias e terras aradas, cumes e rios. Uma preguiça malsã e doentia parece haver subjulgado o sol, que deita cedo e se levanta tarde, e não chega a abrir completamente os olhos. Às vezes, dá a impressão de ter sido arrancado à força da cama e vinga-se carranqueando, atirando apenas um olhar furtivo às planícies e aos vales. Logo, esgotado por tanto esforço, torna a deitar-se cobrindo-se até às orelhas. A terra não tem sombra, as árvores já não são duplas, uma em pé, outra deitada. O vento arremete à terra, uivando na paisagem crepuscular que o sol está doente. A natureza faz o seu circo. Como se anunciasse o reino das trevas.
Ana-Não - Augustin Gomes-Arcos - 1976

Nenhum comentário:

Postar um comentário