terça-feira, 28 de julho de 2009

Culpa da chuva.

Chuva e frio, assim amanheceu o dia. Nenhuma mudança no clima nessa terra de Santa Catarina, e a nós resta viver, molhado e encarangado! Dias densos, cinzas, um inverno chuvoso, dias assim me deixam introspectivo e saudoso, por vezes até no limite da agonia. Procuro o que fazer para passar o dia... confesso que estou sem inspiração para trabalhar, tentei ir ao studio, mas senti que não ia rolar, então é melhor deixar quieto. Ler é sempre uma boa opção, mas concentração está zerada, me perco em pensamentos vagos, além-livro, estou acelerado e sem direção. Culpa da chuva, que me pegou desprevinido, esperava um dia azul e ele apareceu cinza. Um verdadeiro dia filho da puta. E por falar em puta, aí vai um texto de uma que se deu bem.
mk


As putas também amam


O acaso das estradas quer que, numa noite de espetáculos, a egéria loira de boca sangrenta realize, afinal seus sonhos de bordel. Encontra um criador de touros de corrida que faz sua excursão de inverno pelo norte tratando dos negócios de corrida para o verão seguinte. Um homem de verdade. Versado nos hábitos de antanho. Colete de veludo de seda verde e vermelho atravessado por grossa corrente de ouro, chapéu preto de feltro com fita de cetim, botas dominadoras. Um espécime raro. Despertadas em sobressalto, as mamas da apresentadora põem-se a tremer como duas tigelas de leite coalhado, proeza inédita até aquele dia, que lhe assegura enorme sucesso. Grande conhecedor de animais bonitos, o criador de touros atira-lhes aos pés um ramo de crisântemos tristes ( é a estação) acompanhado de um gordo maço de notas. As pessoas aplaudem, tocadas em pleno coração por essa inesperada romança de feira. As mulheres, sobretudo, insistem em ser aquela a única maneira honesta de travar conhecimento em público. É evidente que as intenções são honestas e não salazes.
A.G.A.

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