sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Cinza

Hoje eu acordei cinza, um dia cinza com cheiro de nostalgia.

Meio de ressaca da festa que fizemos ontem aqui em casa, era aniversário da Luana e Isabel, foi tudo de bom, muita diversão mesmo. Mas isso foi ontem!! Hoje o dia está cinza e eu também. Um nó no peito acho que é saudade.

Saudade?... De quem ou do que?...

Não sei... sei que rola uma angustia, e dói.

Isto me fez lembrar do poema, saudade, de Pablo Neruda, que em uma parte ele se refere a saudade como o inferno dos que perderam, e a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte na boca dos que continuam....

E eu continuo!!!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Meias verdades


A maioria das relações - entre amantes, entre pais e filhos, e mesmo entre amigos - se ampara em mentiras parciais e verdades pela metade. Pode-se passar anos ao lado de alguém falando coisas inteligentes, citando poemas, esbanjando presença de espírito, sem ter a delicadeza de fazer a aguardada declarção que daria ao outro uma certeza e, com a certeza a liberdade. Parece que só conseguimos manter as pessoas ao nosso lado se elas não souberem tudo. Ou, ao menos, se não souberem o essêncial. E assim, através da manipulação, a relação passa a ficar doentia, inquieta, frágil. Em vez de uma vida a dois, passa-se a ter uma sobrevida a dois.

Deixar o outro inseguro é uma maneira de prendê-lo a nós - e este "a nós" inspira um providencial duplo sentido. Mesmo que ele tente libertar, estará amarrado aos pontos de interrogação que colecionou. Somos sádicos e avaros ao economizar nossos "eu te perdôo", "eu te compreendo", "eu te aceito como és" e o nosso mais profundo "eu te amo" - não o "eu te amo" dito às pressas no final de uma ligação telefônica, por força do hábito, e sim o "eu te amo" que significa: "Seja feliz da maneira que voce escolher, meu sentimento permanecerá o mesmo".

Libertar uma pessoa pode levar menos de um minuto. Oprimi-la é trabalho para uma vida. Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira arma letal das relações humanas.



Trecho da crônica Falar de Martha Medeiros